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domingo, 21 de março de 2010

Construindo a estratégia

           O primeiro passo para o planejamento estratégico da igreja é a definição da missão, visão e valores, no entanto só isso não é o suficiente para visualizar as ações e projetos que devem ser feitos. Nesse post eu gostaria de falar sobre algumas análises que devem ser feitas no momento do planejamento estratégico para visualizar quais os próximos passos a serem dados.

SWOT

                A sigla Swot é uma abreviação de Strengths (Forças), Weakness (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), e é uma análise simples de ser feita, mas com resultados positivos. Reúna algumas pessoas chave e façam um brainstorm, ou seja, levantem todos os itens que forem lembrados, mesmo que desconexos entre si, para cada uma das áreas do swot, conforme as explicações abaixo:

                Forças: tudo o que a igreja tem de positivo, como características boas, atividades que são bem feitas, reconhecimento da sociedade, pessoas etc. Lembre que o foco é estratégico, liste o que faz sentido e que possa ser usado estrategicamente. Por exemplo, minha missão/visão é alcançar jovens, e dentro de minha igreja eu possuo uma banda de rock-cristão reconhecida, isso é um ponto forte, eu poderia utilizá-la para um evento evangelístico.
                Fraquezas: é a análise inversa de “Forças”. Levante tudo o que a igreja tem de deficiente e que atrapalham no desenvolvimento do seu trabalho. Seguindo o exemplo de forças, uma fraqueza seria vizinhos que não toleram barulho, o que atrapalharia na utilização do espaço do templo para um evento de rock.
                Oportunidades: liste todas as oportunidades que você enxerga que possam ser utilizadas. Por exemplo: certa vez eu ouvi a história de um pastor que se espantou com o número de pessoas de cadeira de rodas que existia em sua cidade e viu que não existia nenhuma atividade voltada para essas pessoas. Ele desenvolveu um programa de esportes para “cadeirantes”, e abriu uma grande porta para falar Cristo para essas pessoas.
                Ameaças: do mesmo modo que “fraquezas” é o inverso “forças”, ‘ameaças’ é o inverso de ‘oportunidades’. Liste tudo o que pode ameaçar o desenvolvimento de sua estratégia. No exemplo utilizado em “forças”, poderíamos citar o aumento do consumo de drogas entre jovens.
                O objetivo do SWOT é facilitar enxergar as possíveis ações para alcançar o objetivo da igreja, e identificar qual o melhor caminho a ser tomado, ou seja, qual aproveita melhor seus pontos fortes, evita os pontos fracos, explora as oportunidades e contorna as ameaças.
Para ajudar o entendimento, segue um exemplo:




Olhando para dentro – A Cadeia de Valor

                Michael Porter, uns dos grandes ‘gurus’ de gestão estratégica, dividiu a corporação por processos de dois tipos: os que ocorrem para gerar o produto feito pela corporação, que efetivamente geram lucro, e os processos de apoio (ver gráfico 1). Em cima dessa divisão, Porter afirma que se em algum dos processos a empresa conseguir ser melhor, ela estará alcançando uma vantagem competitiva sobre as concorrentes, ou seja, a cada melhoria que ela fizer, ela estará mais perto de alcançar seus objetivos.

Gráfico 1:

                No contexto da igreja, não se pode utilizar o mesmo desenho de cadeia de valor de Porter, porém o conceito de análise permanece o mesmo. Eu procurei desenhar um modelo de cadeia de valor para a igreja (gráfico 2) para ajudar aplicar essa análise.
                Para cada processo da cadeia, deve-se perguntar que melhorias podem ser feitas para que a igreja possa alcançar seus objetivos. Cada melhoria realizada será mais um passo dado a caminho da “visão” que a igreja tem. Outra análise interessante, é que nem sempre as pessoas envolvidas nos processos de suporte enxergam qual o seu papel para que os processos da cadeia principal sejam realizados. Essa análise interna também pode ser feita por departamentos da igreja, onde cada departamento deve analisar como ele pode colaborar para a igreja atingir os seus objetivos.
Gráfico 2:


Olhando para Fora – As 5 forças de Porter

                Depois de entender o que pode ser feito no ambiente interno da empresa, Porter diz que a empresa tem que olhar para suas relações externas e buscar estabelecer ações para alcançar um diferencial competitivo em cada uma delas. Essa análise está representada abaixo (gráfico 3). Para entendê-la melhor, precisamos entender o que representa cada ponta que se relaciona com a empresa.
Gráfico 3:


Fornecedor: As empresas que fornecem materiais, equipamentos etc. Um diferencial competitivo a ser alcançado aqui é conseguir um preço melhor, reduzindo o custo de produção e aumentando o lucro.
Cliente: Os clientes da empresa. Um diferencial competitivo poderia ser a fidelização do cliente, garantido ganhos futuros.
Entrantes: Novas empresas que estejam entrando no mercado para competir no mesmo segmento. Para evitar perder clientes, a empresa pode criar barreiras que um novo concorrente consiga se estabelecer.
Substitutos: Identificar produtos e/ou serviços que possam tornar o produto da empresa obsoleto. Um bom exemplo é o MP3 Player, que tornou o disc player ultrapassado. A empresa pode tentar retardar ou inibir o lançamento de um novo produto.

Para essa análise, devo admitir que não consegui adaptar muito bem para o contexto da igreja, mas poderia ser pensado como no modelo abaixo (gráfico 4). Um acréscimo que deve ser pensado é no relacionamento de cada força entre si, e não somente com a igreja.

Gráfico 4:


                Novas Igrejas: O surgimento de novas igrejas não é algo ruim, devemos pensar que fazemos parte de um contexto maior. No entanto, devemos ter em mente que quanto maior o número de igrejas, maior a tendência das igrejas serem menores. Se o objetivo da igreja for aumentar consideravelmente o número de membros, a concentração de igrejas pode ‘atrapalhar’ nesse processo.
                Outras Religiões: O aparecimento ou aumento de outras religiões pode atrapalhar a expansão do reino, pois pode fazer com que pessoas que estariam abertas a ouvir do amor de Cristo se fechem.
                Sociedade: Por fim, a igreja deve considerar seu relacionamento em todos os aspectos: no sentido cultural, social, de costumes, etc, e identificar como ela pode melhorar essa relação entre sociedade local e igreja.

Fatores Chaves de Sucesso e Pressupostos Críticos

                Embora não seja exatamente um tipo de análise, levantar os fatores chave de sucesso e os pressupostos críticos macros podem ajudar bastante no momento da análise estratégica. Abordaremos melhor esses dois assuntos em outras discussões, como no Mapa de Causa e Efeito dos objetivos estratégicos, mas segue a explicação de cada um:
                Fator chave de sucesso é tudo aquilo que precisa ser feito e/ou alcançado para conseguir realizar os objetivos da estratégia; é algo que se não acontecer, não será possível conquistar o objetivo através da estratégia adotada. Por exemplo: para se criar uma estação de rádio, é um fator chave de sucesso conseguir uma autorização do governo (legalmente falando, rádio pirata é crime).
                Pressuposto crítico é um evento que, se acontecer, impacta diretamente a estratégia. Por exemplo, a criação de uma lei que proíba a propagação de mensagens de caráter religioso em meios de comunicação como rádio e televisão. O ideal é classificar, para cada pressuposto, a probabilidade dele ocorrer, o impacto causado e uma solução de contorno.

Finalizando

                Realizando essas análises em conjunto com a liderança da igreja deve dar uma boa base para projetar as possíveis ações que a igreja precisa tomar para alcançar seus objetivos. Esse processo deve ser refeito de tempos em tempos (um ano é uma boa medida), onde se deve analisar se os objetivos anteriores foram alcançados, se é necessário rever algum ponto da estratégia, ou mesmo mudar a missão/visão da igreja.

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