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domingo, 28 de março de 2010

Pensando verde

                  Dia após dia, as discussões a respeito do meio ambiente têm aumentado, tanto em quantidade como em intensidade. Cada vez mais se ouve falar em palavras como sustentabilidade e reciclagem. Recentemente lideres do mundo inteiro se reuniram para discutir a respeito da redução de CO2 (gás carbônico). Já se pode encontrar nas prateleiras das lojas e supermercados diversos tipos de marcas e produtos “verdes”, que não agridem o meio ambiente, ou compensam o impacto gerado de alguma forma. A própria sociedade está mais atenta a isso, evitando produtos e serviços de empresas que agridem a natureza.
                Particularmente, tenho me interessado muito por esse assunto, e tenho procurado acompanhar as novas pesquisas e tendências sobre sustentabilidade, especialmente no que tem sido feito no Brasil. No entanto, percebo que a igreja tem ignorado esse tema. Conversando sobre isso com um pastor, ele comentou que ao tentar abordar esse tipo de discussão, ele obteve a seguinte pergunta: “Pra que? Pra que eu devo me preocupar com isso?”.
                Pois bem, nesse post eu gostaria de discutir quatro bons motivos para que a igreja atual considere colocar projetos de sustentabilidade em sua pauta de discussão, e também oferecer algumas possibilidades de projetos, ações e tecnologias que podem ser utilizadas na igreja.

Vamos aos motivos:

1.       É uma ordem de Deus.

                Em gênesis 1:28, Deus diz ao homem para dominar (kāvāsh) sobre a natureza. O sentido original hebraico da palavra usada é conhecer plenamente e gerenciar sobre a natureza. Deus delega ao homem a responsabilidade e o privilégio de cuidar de sua criação. O salmo 19:1 diz que “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos”. Esse texto diz claramente que podemos perceber a presença de Deus (e de certa forma, até conhecê-lo) através da sua criação.  Por diversas vezes Deus disse que tudo o que criou era bom (Gn 1),
                No novo testamento (Mateus 6:26), Jesus coloca que Deus tem um cuidado em até mesmo dar alimento às aves do céu (e com certeza podemos estender esse cuidado para todos os seres sobre a terra).  Como filhos do criador de todos os eco-sistema, seres vivos e recursos naturais, deveríamos ao menos nos preocupar em como utilizar da sua criação sem destruí-la. Precisamos assumir a responsabilidade de zelar pela criação.

2.       É uma necessidade.

                Não é por acaso que as discussões a respeito desse assunto têm ocupado tanto espaço na mídia. A exploração irresponsável dos recursos naturais, a poluição desenfreada e o aumento explosivo do consumo podem destruir o planeta de forma irreversível. Para se ter uma idéia, se cada pessoa na terra tivesse o mesmo hábito de consumo norte-americano, seriam necessários quase 6 planetas Terra para suprir o consumo.
                O primeiro ministro norueguês Harlem Brundtland disse uma frase que ficou famosa a respeito de sustentabilidade: “Meeting the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs”, ou seja, “Enfrente as necessidades de hoje sem comprometer a capacidade das gerações futuras em enfrentar suas próprias necessidades”. No entanto, mais do que garantir a sobrevivência das gerações futuras, estamos ameaçando a nossa própria sobrevivência.

3.       Reduz gastos da igreja.

                Para muita gente, talvez esse seja o argumento mais forte. De fato, ações voltadas a sustentabilidade podem reduzir os custos da igreja, e algumas vezes até gerar “lucro”, fazendo com que a igreja tenha mais verba para investir no que é prioritário. Mesmo que para implantar alguma tecnologia verde exija um investimento inicial, o valor que essa tecnologia gera paga o investimento inicial ao longo do tempo.
                Se a igreja se planejar, ela pode implantar qualquer tipo de tecnologia. Especialmente se ela for passar por alguma reforma. Mais abaixo colocarei alguns exemplos de possíveis ações, no entanto, aconselho aos líderes a pesquisar sobre o assunto.~

4.       Fortalece a imagem da igreja na sociedade

                Abrir as portas nos cultos de domingo e esperar que as pessoas simplesmente entrem já mostrou que não é uma boa estratégia. A igreja precisa ir além, precisa interagir com a sociedade, fazer parte do dia a dia da comunidade local.
                 Investir em projetos de sustentabilidade na igreja pode abrir portas para interagir com a sociedade, e trazê-la para perto, construir relacionamento. Hoje, pregar a palavra ultrapassa o ato falar. Nossas atitudes geram um impacto muito maior que o nosso discurso. Precisamos cavar oportunidades para pregarmos de forma viva e dinâmica: com nossas ações.

Conclusão

                Claro que a prioridade da igreja é resgatar vidas. O esforço maior de todas as nossas ações deve estar centrado nesse objetivo. Não estou sugerindo que ações ambientais deva ser uma prioridade, no entanto, precisamos considerar questões ambientais no nosso dia a dia. Precisamos tornar essas ações naturais, como parte de nossa conduta.
                Talvez algumas pessoas aleguem que a fé cristã se baseia na crença da volta de Cristo, e que esse mundo como conhecemos não mais existirá e viveremos em novos céus e nova terras (Apocalipse ), sendo assim, não seria necessário se preocupar com esse mundo. De fato, a fé cristã prega isso, mas gostaria de lembrar que ninguém sabe quando isso ocorrerá, e até lá, nós, nossos filhos, nossos netos e todas as gerações futuras viverão nesse planeta chamado Terra.

Idéias para você considerar:

Uso de produtos verdes.

              Ao comprar algum produto, verifique se o seu uso impacta o meio ambiente. Dê preferência para produtos que sejam recicláveis, e que a sua produção não agrida o meio-ambiente. Por exemplo, prefira papel sulfite reciclado ao invés de papel sulfite branco.


Coleta de lixo reciclável.


                Uma ação básica e fácil de ser implantada. Caso a prefeitura não tenha serviço de recolhimento, a igreja pode vender o lixo acumulado em centros de coleta, doar a carrinheiros que vendem o lixo recolhido, ou mesmo utilizado como material em artesanatos, construções etc. 
                Além dos quatro tipos de lixo básicos (papel, lata, plástico e vidro), a igreja também pode recolher pilhas e baterias, óleo de cozinha para descarte etc.


Artesanato

       Existem uma infinidade de usos de matérias recicláveis para a confecção de peças de artesanato. A igreja pode investir em cursos de artesanatos como uma forma de aproveitar o lixo, se envolver com a sociedade e gerar receita a partir dos produtos

Energia eólica


       O uso de energia eólica é uma das tecnologias mais fáceis de serem implementadas. As hélices modernas de eixo vertical são pequenas, discretas e tem um aproveitamento maior (funcionam com ventos de qualquer direção).
Caso sua igreja não disponibilize de recursos para a compra de uma turbina eólica para a geração de energia, é possível construir um sistema caseiro, mesmo que amador. Existe um vídeo no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=arD374MFk4w) contando a história de um africano de uma aldeia sem energia elétrica que construiu uma hélice de energia eólica rudimentar e trouxe uma nova realidade para a sua vila. Na internet é possível encontrar esquemas e manuais passo a passo de como contruir um gerador de energia eólica.
Deixo aqui um desafio aos engenheiros das igrejas de hoje. Vocês podem usar o conhecimento de vocês para construir um sistema desses na sua igreja local.
               












Energia Solar

                Embora não seja possível construir um sistema caseiro de captação de energia solar, a igreja pode considerar o investimento em comprar um sistema desses. A igreja precisa olhar com a visão do quanto que esse sistema irá reduzir de consumo. O gasto se paga ao longo do tempo, e a longo prazo, é um bom investimento.

                A energia solar provavelmente será a fonte mais utilizada no futuro. Se você somar toda a energia que pode ser gerada de todas as fontes fósseis do mundo (petróleo, por exemplo), não chega a equivaler a 5 dias de luz solar. Por essa proporção podemos imaginar o quanto ainda se tem para aproveitar desse recurso.





Ventilação Natural

Um dos maiores vilóes das contas de luz das igrejas é o ar condicionado. No projeto de construção/reforma da igreja, estude a possibilidade de uso de espaços e/ou dutos para a passagem de ar, tanto de fora para dentro, como entre os cômodos da igreja, minimizando assim a necessidade do ar condicionado.
Aquecimento solar
                Existem sistema que utilizam o próprio calor gerado pelo sol para aquecer a água, e alguns nem usam energia elétrica. Caso a igreja tenha local para banho, a igreja pode considerar um investimento como esse.

Iluminação natural

                Já estive em diversas igrejas que são escuras, com poucas janelas, e que precisam de luz elétrica mesmo durante o dia. Existem diversas formas de aproveitar melhor a luz solar para iluminar o interior da igreja. Existe um sistema simples em que se instala uma lente especial no telhado da igreja (ela tem um índice de refração diferente em cada parte da lente, de modo que a qualquer posição do sol, ela consiga ter redirecionar os raios de luz e ter o máximo de aproveitamento) que direciona a luz do sol para um tubo espelhado. Esse tubo direciona a luz solar para os cômodos, e consegue iluminar naturalmente lugares sem uma única janela.
                No projeto de construção, ou reforma da igreja, considere o uso de muitas aberturas para a luz solar como janelas, vidros, tetos transparentes, divisórias de vidro etc. Além de uma estética moderna, você economizará na conta de energia.

Captação de água da chuva

No futuro, e talvez não muito distante, a água potável será uma dos maiores bens de uma região. Ela é um elemento indispensável para a nossa vida. Quando chove, litros e litros de água que poderiam ser utilizados são “jogados fora”. Além de contribuir com a redução de custos, captar a água da chuva e utiliza-la ajudará a garantir a água potável de amanhã. Além do sistema de captação de água, é interessante complementar com um sistema de uso inteligente de água, como aproveitar a água de pias e torneiras para utilizar na descarga, como também um sistema de filtragem e tratamento da água, especialmente se você está considerando utilizar a água da chuva para fins potáveis.

Geo-aquecimento

                A temperatura sob a terra permanece constante, ou pelo menos tem uma variação muito menor, em relação a temperatura da superfície. O conceito de geo-aquecimento consiste em bombear água para debaixo da terra, onde a água adiquire uma temperatura média, e bombiá-la de volta para a superfície, fazendo-a circular por diversos tubos entre as paredes do estabelecimento, fazendo com que o mesmo mantenha uma temperatura relativamente equilibrada (agradável no calor e no frio).


Teto verde

                Ao invés de telhas, coloque no “telhado” da sua igreja uma boa camada de grama. Isso mesmo, grama! Você terá um jardim sobre a sua cabeça. O uso dessa camada “verde” absorve o calor do sol, causando um maior conforto térmico no interior do locar e ajuda a quebrar a formação das ilhas de calor urbanas.
                Além desses resultados práticos, você pode obter um resultado visual muito interessante.









Materiais sustentáveis

Existem diversos materiais ecologicamente corretos no mercado. Outro dia vi uma reportagem de uma empresa da região sul do Brasil que desenvolveu um polímero com uma densidade muito paracida a partir de sacolas prásticas de lixo e supermercado. Esse polímero estava sendo utilizado na construção de móveis, bancos, descansos para pés, etc.
Também vi uma reportagem de um engenheiro da região Norte que estava construindo telhas a partir de garrafas. Essas telhas eram mais leves, mais resistentes e tinham uma durabilidade maioir que as tradicionais telhas de barro.
Assim como esses dois exemplos, existe uma diversidade enorme de idéias e materiais diferentes para tornar a sua igreja mais “verde”. Considere o uso desses materiais na sua igreja.

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