Trazendo inovações para enfrentar os desafios do século 21.

domingo, 28 de março de 2010

Pensando verde

                  Dia após dia, as discussões a respeito do meio ambiente têm aumentado, tanto em quantidade como em intensidade. Cada vez mais se ouve falar em palavras como sustentabilidade e reciclagem. Recentemente lideres do mundo inteiro se reuniram para discutir a respeito da redução de CO2 (gás carbônico). Já se pode encontrar nas prateleiras das lojas e supermercados diversos tipos de marcas e produtos “verdes”, que não agridem o meio ambiente, ou compensam o impacto gerado de alguma forma. A própria sociedade está mais atenta a isso, evitando produtos e serviços de empresas que agridem a natureza.
                Particularmente, tenho me interessado muito por esse assunto, e tenho procurado acompanhar as novas pesquisas e tendências sobre sustentabilidade, especialmente no que tem sido feito no Brasil. No entanto, percebo que a igreja tem ignorado esse tema. Conversando sobre isso com um pastor, ele comentou que ao tentar abordar esse tipo de discussão, ele obteve a seguinte pergunta: “Pra que? Pra que eu devo me preocupar com isso?”.
                Pois bem, nesse post eu gostaria de discutir quatro bons motivos para que a igreja atual considere colocar projetos de sustentabilidade em sua pauta de discussão, e também oferecer algumas possibilidades de projetos, ações e tecnologias que podem ser utilizadas na igreja.

Vamos aos motivos:

1.       É uma ordem de Deus.

                Em gênesis 1:28, Deus diz ao homem para dominar (kāvāsh) sobre a natureza. O sentido original hebraico da palavra usada é conhecer plenamente e gerenciar sobre a natureza. Deus delega ao homem a responsabilidade e o privilégio de cuidar de sua criação. O salmo 19:1 diz que “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos”. Esse texto diz claramente que podemos perceber a presença de Deus (e de certa forma, até conhecê-lo) através da sua criação.  Por diversas vezes Deus disse que tudo o que criou era bom (Gn 1),
                No novo testamento (Mateus 6:26), Jesus coloca que Deus tem um cuidado em até mesmo dar alimento às aves do céu (e com certeza podemos estender esse cuidado para todos os seres sobre a terra).  Como filhos do criador de todos os eco-sistema, seres vivos e recursos naturais, deveríamos ao menos nos preocupar em como utilizar da sua criação sem destruí-la. Precisamos assumir a responsabilidade de zelar pela criação.

2.       É uma necessidade.

                Não é por acaso que as discussões a respeito desse assunto têm ocupado tanto espaço na mídia. A exploração irresponsável dos recursos naturais, a poluição desenfreada e o aumento explosivo do consumo podem destruir o planeta de forma irreversível. Para se ter uma idéia, se cada pessoa na terra tivesse o mesmo hábito de consumo norte-americano, seriam necessários quase 6 planetas Terra para suprir o consumo.
                O primeiro ministro norueguês Harlem Brundtland disse uma frase que ficou famosa a respeito de sustentabilidade: “Meeting the needs of the present without compromising the ability of future generations to meet their own needs”, ou seja, “Enfrente as necessidades de hoje sem comprometer a capacidade das gerações futuras em enfrentar suas próprias necessidades”. No entanto, mais do que garantir a sobrevivência das gerações futuras, estamos ameaçando a nossa própria sobrevivência.

3.       Reduz gastos da igreja.

                Para muita gente, talvez esse seja o argumento mais forte. De fato, ações voltadas a sustentabilidade podem reduzir os custos da igreja, e algumas vezes até gerar “lucro”, fazendo com que a igreja tenha mais verba para investir no que é prioritário. Mesmo que para implantar alguma tecnologia verde exija um investimento inicial, o valor que essa tecnologia gera paga o investimento inicial ao longo do tempo.
                Se a igreja se planejar, ela pode implantar qualquer tipo de tecnologia. Especialmente se ela for passar por alguma reforma. Mais abaixo colocarei alguns exemplos de possíveis ações, no entanto, aconselho aos líderes a pesquisar sobre o assunto.~

4.       Fortalece a imagem da igreja na sociedade

                Abrir as portas nos cultos de domingo e esperar que as pessoas simplesmente entrem já mostrou que não é uma boa estratégia. A igreja precisa ir além, precisa interagir com a sociedade, fazer parte do dia a dia da comunidade local.
                 Investir em projetos de sustentabilidade na igreja pode abrir portas para interagir com a sociedade, e trazê-la para perto, construir relacionamento. Hoje, pregar a palavra ultrapassa o ato falar. Nossas atitudes geram um impacto muito maior que o nosso discurso. Precisamos cavar oportunidades para pregarmos de forma viva e dinâmica: com nossas ações.

Conclusão

                Claro que a prioridade da igreja é resgatar vidas. O esforço maior de todas as nossas ações deve estar centrado nesse objetivo. Não estou sugerindo que ações ambientais deva ser uma prioridade, no entanto, precisamos considerar questões ambientais no nosso dia a dia. Precisamos tornar essas ações naturais, como parte de nossa conduta.
                Talvez algumas pessoas aleguem que a fé cristã se baseia na crença da volta de Cristo, e que esse mundo como conhecemos não mais existirá e viveremos em novos céus e nova terras (Apocalipse ), sendo assim, não seria necessário se preocupar com esse mundo. De fato, a fé cristã prega isso, mas gostaria de lembrar que ninguém sabe quando isso ocorrerá, e até lá, nós, nossos filhos, nossos netos e todas as gerações futuras viverão nesse planeta chamado Terra.

Idéias para você considerar:

Uso de produtos verdes.

              Ao comprar algum produto, verifique se o seu uso impacta o meio ambiente. Dê preferência para produtos que sejam recicláveis, e que a sua produção não agrida o meio-ambiente. Por exemplo, prefira papel sulfite reciclado ao invés de papel sulfite branco.


Coleta de lixo reciclável.


                Uma ação básica e fácil de ser implantada. Caso a prefeitura não tenha serviço de recolhimento, a igreja pode vender o lixo acumulado em centros de coleta, doar a carrinheiros que vendem o lixo recolhido, ou mesmo utilizado como material em artesanatos, construções etc. 
                Além dos quatro tipos de lixo básicos (papel, lata, plástico e vidro), a igreja também pode recolher pilhas e baterias, óleo de cozinha para descarte etc.


Artesanato

       Existem uma infinidade de usos de matérias recicláveis para a confecção de peças de artesanato. A igreja pode investir em cursos de artesanatos como uma forma de aproveitar o lixo, se envolver com a sociedade e gerar receita a partir dos produtos

Energia eólica


       O uso de energia eólica é uma das tecnologias mais fáceis de serem implementadas. As hélices modernas de eixo vertical são pequenas, discretas e tem um aproveitamento maior (funcionam com ventos de qualquer direção).
Caso sua igreja não disponibilize de recursos para a compra de uma turbina eólica para a geração de energia, é possível construir um sistema caseiro, mesmo que amador. Existe um vídeo no youtube (http://www.youtube.com/watch?v=arD374MFk4w) contando a história de um africano de uma aldeia sem energia elétrica que construiu uma hélice de energia eólica rudimentar e trouxe uma nova realidade para a sua vila. Na internet é possível encontrar esquemas e manuais passo a passo de como contruir um gerador de energia eólica.
Deixo aqui um desafio aos engenheiros das igrejas de hoje. Vocês podem usar o conhecimento de vocês para construir um sistema desses na sua igreja local.
               












Energia Solar

                Embora não seja possível construir um sistema caseiro de captação de energia solar, a igreja pode considerar o investimento em comprar um sistema desses. A igreja precisa olhar com a visão do quanto que esse sistema irá reduzir de consumo. O gasto se paga ao longo do tempo, e a longo prazo, é um bom investimento.

                A energia solar provavelmente será a fonte mais utilizada no futuro. Se você somar toda a energia que pode ser gerada de todas as fontes fósseis do mundo (petróleo, por exemplo), não chega a equivaler a 5 dias de luz solar. Por essa proporção podemos imaginar o quanto ainda se tem para aproveitar desse recurso.





Ventilação Natural

Um dos maiores vilóes das contas de luz das igrejas é o ar condicionado. No projeto de construção/reforma da igreja, estude a possibilidade de uso de espaços e/ou dutos para a passagem de ar, tanto de fora para dentro, como entre os cômodos da igreja, minimizando assim a necessidade do ar condicionado.
Aquecimento solar
                Existem sistema que utilizam o próprio calor gerado pelo sol para aquecer a água, e alguns nem usam energia elétrica. Caso a igreja tenha local para banho, a igreja pode considerar um investimento como esse.

Iluminação natural

                Já estive em diversas igrejas que são escuras, com poucas janelas, e que precisam de luz elétrica mesmo durante o dia. Existem diversas formas de aproveitar melhor a luz solar para iluminar o interior da igreja. Existe um sistema simples em que se instala uma lente especial no telhado da igreja (ela tem um índice de refração diferente em cada parte da lente, de modo que a qualquer posição do sol, ela consiga ter redirecionar os raios de luz e ter o máximo de aproveitamento) que direciona a luz do sol para um tubo espelhado. Esse tubo direciona a luz solar para os cômodos, e consegue iluminar naturalmente lugares sem uma única janela.
                No projeto de construção, ou reforma da igreja, considere o uso de muitas aberturas para a luz solar como janelas, vidros, tetos transparentes, divisórias de vidro etc. Além de uma estética moderna, você economizará na conta de energia.

Captação de água da chuva

No futuro, e talvez não muito distante, a água potável será uma dos maiores bens de uma região. Ela é um elemento indispensável para a nossa vida. Quando chove, litros e litros de água que poderiam ser utilizados são “jogados fora”. Além de contribuir com a redução de custos, captar a água da chuva e utiliza-la ajudará a garantir a água potável de amanhã. Além do sistema de captação de água, é interessante complementar com um sistema de uso inteligente de água, como aproveitar a água de pias e torneiras para utilizar na descarga, como também um sistema de filtragem e tratamento da água, especialmente se você está considerando utilizar a água da chuva para fins potáveis.

Geo-aquecimento

                A temperatura sob a terra permanece constante, ou pelo menos tem uma variação muito menor, em relação a temperatura da superfície. O conceito de geo-aquecimento consiste em bombear água para debaixo da terra, onde a água adiquire uma temperatura média, e bombiá-la de volta para a superfície, fazendo-a circular por diversos tubos entre as paredes do estabelecimento, fazendo com que o mesmo mantenha uma temperatura relativamente equilibrada (agradável no calor e no frio).


Teto verde

                Ao invés de telhas, coloque no “telhado” da sua igreja uma boa camada de grama. Isso mesmo, grama! Você terá um jardim sobre a sua cabeça. O uso dessa camada “verde” absorve o calor do sol, causando um maior conforto térmico no interior do locar e ajuda a quebrar a formação das ilhas de calor urbanas.
                Além desses resultados práticos, você pode obter um resultado visual muito interessante.









Materiais sustentáveis

Existem diversos materiais ecologicamente corretos no mercado. Outro dia vi uma reportagem de uma empresa da região sul do Brasil que desenvolveu um polímero com uma densidade muito paracida a partir de sacolas prásticas de lixo e supermercado. Esse polímero estava sendo utilizado na construção de móveis, bancos, descansos para pés, etc.
Também vi uma reportagem de um engenheiro da região Norte que estava construindo telhas a partir de garrafas. Essas telhas eram mais leves, mais resistentes e tinham uma durabilidade maioir que as tradicionais telhas de barro.
Assim como esses dois exemplos, existe uma diversidade enorme de idéias e materiais diferentes para tornar a sua igreja mais “verde”. Considere o uso desses materiais na sua igreja.

sábado, 27 de março de 2010

Segurança Inteligente

Eu acabei de enviar uma proposta de trabalho para a minha pós-graduação, e gostaria de postar a idéia aqui no blog para discutir a proposta.


Segurança é um assunto que impacta não só a igreja, mas a todos nós, nossas famílias, amigos etc.


"Quais são os nossos maiores problemas? Com certeza, as tecnologias que mais impactarão nossa sociedade serão aquelas que oferecerem uma resolução desses problemas.
Vivendo em São Paulo, gostaria de propor uma tecnologia (ou melhor, uma junção de tecnologias) para combater a violência e assaltos. Esse sistema poderia agregar valor à vida de milhões de pessoas dos grandes centros  urbanos do mundo, sem expor a sua privacidade
A idéia foi a junção de tecnologias gráficas com o conceito de BI Real Time e BAM. Segue descrição da aplicação no contexto de uma casa:
Seriam instalados micro-cameras, microfones e diversos tipos de sensores (como luz, movimento, calor etc). Um sistema captaria as informações e as interpretara, direcionado a informação para dois caminhos. A informação bruta (o vídeo, por exemplo) seria armazenada em uma base externa(para não ser danificada no caso de uma invasão) de forma inteligente ( só seria gravado os arquivos de vídeos se fosse captado movimento, seja nos sensores, como nas imagens, por exemplo) para conferências.
O fluxo principal seria das informações interpretadas. Por exemplo, o sistema interpretaria matematicamente desenho d a face de uma pessoa captada pelas câmeras, bateria com as informações das pessoas á existentes na base de dados dele, e logaria que uma pessoa não conhecida ainda (se fosse o caso) entrou na casa determinado dia, acessou determinados cômodos etc (o reconhecimento de faces humanas em imagens já é uma tecnologia conhecida).
Essas informações seriam gravadas em uma base de log (transacional) e em uma base dimensional.
Um sistema de Inteligência Artificial, através de um middleware, acessaria essas bases, juntamente com outros serviços web, e estabeleceria algoritmos e porcentagens para identificar padrões (data mining), e buscaria por logs que quebrem esses padrões, e tomaria algumas ações conforme configurado.
Por exemplo, imaginando que as informações de quem é integrante da família e quem é a empregada de uma casa, o sistema loga que uma empregada sempre vai durante os dias da semana, com a presença de um membro da família (Padrão). Em um fim de semana, a empregada entra na casa acompanhada de uma pessoa desconhecida sem a presença de membros da família (quebra de padrão).  Ao logar as informações de uma pessoa estranha ao sistema, ele acionaria, através do middleware, um serviço web que iria conferir com o sistema da polícia se a pessoa tem antecedentes criminais, ou mesmo buscar na internet alguma referencia dessa pessoa, como em sites de notícias, e interpretar semanticamente a que se refere o conteúdo dos textos . Vamos supor que o sistema ainda interprete as palavras faladas pelos dois, e interprete palavras chaves como jóia, dinheiro, matar etc.
 Todas essas informações poderiam ser condensadas em um relatório e enviado via mensagem no celular do dono, ou mesmo dependendo das combinações de eventos, informar um terceiro previamente configurado, como a polícia, um parente etc.
                O conceito do sistema pode ser aplicado a diversos contextos, como a uma alfândega em aeroportos, ou mesmo controlar outros tipos de assuntos. Esse sistema poderia evitar assaltos, ou mesmo mortes, e ajudariam na resolução de casos para a polícia, impactando a vida de milhões de pessoas."


Esboço da arquitetura proposta (clique na imagem para aumentar):


domingo, 21 de março de 2010

Construindo a estratégia

           O primeiro passo para o planejamento estratégico da igreja é a definição da missão, visão e valores, no entanto só isso não é o suficiente para visualizar as ações e projetos que devem ser feitos. Nesse post eu gostaria de falar sobre algumas análises que devem ser feitas no momento do planejamento estratégico para visualizar quais os próximos passos a serem dados.

SWOT

                A sigla Swot é uma abreviação de Strengths (Forças), Weakness (Fraquezas), Opportunities (Oportunidades) e Threats (Ameaças), e é uma análise simples de ser feita, mas com resultados positivos. Reúna algumas pessoas chave e façam um brainstorm, ou seja, levantem todos os itens que forem lembrados, mesmo que desconexos entre si, para cada uma das áreas do swot, conforme as explicações abaixo:

                Forças: tudo o que a igreja tem de positivo, como características boas, atividades que são bem feitas, reconhecimento da sociedade, pessoas etc. Lembre que o foco é estratégico, liste o que faz sentido e que possa ser usado estrategicamente. Por exemplo, minha missão/visão é alcançar jovens, e dentro de minha igreja eu possuo uma banda de rock-cristão reconhecida, isso é um ponto forte, eu poderia utilizá-la para um evento evangelístico.
                Fraquezas: é a análise inversa de “Forças”. Levante tudo o que a igreja tem de deficiente e que atrapalham no desenvolvimento do seu trabalho. Seguindo o exemplo de forças, uma fraqueza seria vizinhos que não toleram barulho, o que atrapalharia na utilização do espaço do templo para um evento de rock.
                Oportunidades: liste todas as oportunidades que você enxerga que possam ser utilizadas. Por exemplo: certa vez eu ouvi a história de um pastor que se espantou com o número de pessoas de cadeira de rodas que existia em sua cidade e viu que não existia nenhuma atividade voltada para essas pessoas. Ele desenvolveu um programa de esportes para “cadeirantes”, e abriu uma grande porta para falar Cristo para essas pessoas.
                Ameaças: do mesmo modo que “fraquezas” é o inverso “forças”, ‘ameaças’ é o inverso de ‘oportunidades’. Liste tudo o que pode ameaçar o desenvolvimento de sua estratégia. No exemplo utilizado em “forças”, poderíamos citar o aumento do consumo de drogas entre jovens.
                O objetivo do SWOT é facilitar enxergar as possíveis ações para alcançar o objetivo da igreja, e identificar qual o melhor caminho a ser tomado, ou seja, qual aproveita melhor seus pontos fortes, evita os pontos fracos, explora as oportunidades e contorna as ameaças.
Para ajudar o entendimento, segue um exemplo:




Olhando para dentro – A Cadeia de Valor

                Michael Porter, uns dos grandes ‘gurus’ de gestão estratégica, dividiu a corporação por processos de dois tipos: os que ocorrem para gerar o produto feito pela corporação, que efetivamente geram lucro, e os processos de apoio (ver gráfico 1). Em cima dessa divisão, Porter afirma que se em algum dos processos a empresa conseguir ser melhor, ela estará alcançando uma vantagem competitiva sobre as concorrentes, ou seja, a cada melhoria que ela fizer, ela estará mais perto de alcançar seus objetivos.

Gráfico 1:

                No contexto da igreja, não se pode utilizar o mesmo desenho de cadeia de valor de Porter, porém o conceito de análise permanece o mesmo. Eu procurei desenhar um modelo de cadeia de valor para a igreja (gráfico 2) para ajudar aplicar essa análise.
                Para cada processo da cadeia, deve-se perguntar que melhorias podem ser feitas para que a igreja possa alcançar seus objetivos. Cada melhoria realizada será mais um passo dado a caminho da “visão” que a igreja tem. Outra análise interessante, é que nem sempre as pessoas envolvidas nos processos de suporte enxergam qual o seu papel para que os processos da cadeia principal sejam realizados. Essa análise interna também pode ser feita por departamentos da igreja, onde cada departamento deve analisar como ele pode colaborar para a igreja atingir os seus objetivos.
Gráfico 2:


Olhando para Fora – As 5 forças de Porter

                Depois de entender o que pode ser feito no ambiente interno da empresa, Porter diz que a empresa tem que olhar para suas relações externas e buscar estabelecer ações para alcançar um diferencial competitivo em cada uma delas. Essa análise está representada abaixo (gráfico 3). Para entendê-la melhor, precisamos entender o que representa cada ponta que se relaciona com a empresa.
Gráfico 3:


Fornecedor: As empresas que fornecem materiais, equipamentos etc. Um diferencial competitivo a ser alcançado aqui é conseguir um preço melhor, reduzindo o custo de produção e aumentando o lucro.
Cliente: Os clientes da empresa. Um diferencial competitivo poderia ser a fidelização do cliente, garantido ganhos futuros.
Entrantes: Novas empresas que estejam entrando no mercado para competir no mesmo segmento. Para evitar perder clientes, a empresa pode criar barreiras que um novo concorrente consiga se estabelecer.
Substitutos: Identificar produtos e/ou serviços que possam tornar o produto da empresa obsoleto. Um bom exemplo é o MP3 Player, que tornou o disc player ultrapassado. A empresa pode tentar retardar ou inibir o lançamento de um novo produto.

Para essa análise, devo admitir que não consegui adaptar muito bem para o contexto da igreja, mas poderia ser pensado como no modelo abaixo (gráfico 4). Um acréscimo que deve ser pensado é no relacionamento de cada força entre si, e não somente com a igreja.

Gráfico 4:


                Novas Igrejas: O surgimento de novas igrejas não é algo ruim, devemos pensar que fazemos parte de um contexto maior. No entanto, devemos ter em mente que quanto maior o número de igrejas, maior a tendência das igrejas serem menores. Se o objetivo da igreja for aumentar consideravelmente o número de membros, a concentração de igrejas pode ‘atrapalhar’ nesse processo.
                Outras Religiões: O aparecimento ou aumento de outras religiões pode atrapalhar a expansão do reino, pois pode fazer com que pessoas que estariam abertas a ouvir do amor de Cristo se fechem.
                Sociedade: Por fim, a igreja deve considerar seu relacionamento em todos os aspectos: no sentido cultural, social, de costumes, etc, e identificar como ela pode melhorar essa relação entre sociedade local e igreja.

Fatores Chaves de Sucesso e Pressupostos Críticos

                Embora não seja exatamente um tipo de análise, levantar os fatores chave de sucesso e os pressupostos críticos macros podem ajudar bastante no momento da análise estratégica. Abordaremos melhor esses dois assuntos em outras discussões, como no Mapa de Causa e Efeito dos objetivos estratégicos, mas segue a explicação de cada um:
                Fator chave de sucesso é tudo aquilo que precisa ser feito e/ou alcançado para conseguir realizar os objetivos da estratégia; é algo que se não acontecer, não será possível conquistar o objetivo através da estratégia adotada. Por exemplo: para se criar uma estação de rádio, é um fator chave de sucesso conseguir uma autorização do governo (legalmente falando, rádio pirata é crime).
                Pressuposto crítico é um evento que, se acontecer, impacta diretamente a estratégia. Por exemplo, a criação de uma lei que proíba a propagação de mensagens de caráter religioso em meios de comunicação como rádio e televisão. O ideal é classificar, para cada pressuposto, a probabilidade dele ocorrer, o impacto causado e uma solução de contorno.

Finalizando

                Realizando essas análises em conjunto com a liderança da igreja deve dar uma boa base para projetar as possíveis ações que a igreja precisa tomar para alcançar seus objetivos. Esse processo deve ser refeito de tempos em tempos (um ano é uma boa medida), onde se deve analisar se os objetivos anteriores foram alcançados, se é necessário rever algum ponto da estratégia, ou mesmo mudar a missão/visão da igreja.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Qual a sua missão?

                Toda instituição tem uma razão para existir. Não se cria uma empresa apenas por criar, ela existe para atender um propósito, uma necessidade a qual ela oferece uma solução. Essa razão norteia o desenvolvimento de todos os processos e projetos internos da instituição. Na gestão estratégica, essa “razão” de existir é chamada de missão e, juntamente com a declaração de “Visão” e “Valores”, apontam para a direção que a instituição está seguindo.

                 Trazendo para o contexto cristão, quando nos perguntamos qual é a missão da igreja, talvez a primeira resposta de muitos seja o texto de Mateus 28:19; onde Jesus nos ordena a fazer discípulos por toda a Terra. De fato essa resposta está correta. A missão da igreja, como um todo, é levar a o evangelho e fazer discípulos por toda a Terra, mas se tratando especificamente da sua igreja local, ela teria recursos suficientes para atender plenamente essa missão?

                 Quando falamos de missão de uma instituição, precisamos pensar que a missão deve estar de acordo com a capacidade que a instituição tem para agir. Sendo assim, é fundamental ter claramente a missão definida, direcionando e focando esforço para atender o seu propósito. Um erro comum é definir uma missão muito genérica, ou muito ampla, que acaba se tornando vaga e ineficiente. (Veja no fim do post alguns exemplos de como declarações de missão levam a igreja para direções bem diferentes).

                 Após a definição da missão da igreja, o próximo passo é definir sua visão. A visão significa aonde a sua igreja quer chegar no médio/longo prazo. O que ela deseja ser em um determinado tempo. (No fim do post você encontrará alguns exemplos de visões).

                 Estabelecidas a missão e a visão, o último passo é estabelecer os valores da instituição. Os valores estão ligados diretamente à ética e conduta da instituição e, por conseqüência, o que se espera de seus colaboradores. A bíblia está repleta de exemplos e citações de valores, mesmo que de forma indireta. Aconselho buscar os que melhor se relacionam à sua missão e visão.

Considerações
  • Embora pareça algo simples e não muito prático, reforço que é uma tarefa importante, especialmente em lugares onde exista muito “jogo político”, pessoas que estão buscando os seus próprios interesses, divergências pessoais na liderança etc. Ela também será ponto de partida para outros assuntos que abordaremos no futuro, como Balanced ScoreCard, Key  Performance Indicators, etc.
  • Caso sua igreja já tenha definida sua missão, visão e valores, analise se as ações, projetos e cultura interna são coerentes com o que foi proposto. Se não, reveja se o problema está na missão ou nas pessoas.
  • Na hora de iniciar um novo projeto (especialmente projetos grandes), sempre se pergunte no que ele agrega para alcançar a missão/visão da igreja. Caso não encontre uma resposta, repense se esse projeto realmente é uma prioridade, ou se é necessário.
  • Pesquise na internet sobre a missão/visão/valores de outras igrejas, e mesmo de empresas e instituições. Isso ajudará no amadurecimento da declaração de missão de sua própria igreja.
  • Se você estiver mais familiarizado com o assunto e quiser se aprofundar mais, procure textos e artigos na internet sobre o assunto, especialmente de autores clássicos da gestão estratégica, como Michael Porter, Peter Drucker entre outros.



Exemplos

Missão

“Levar a palavra de Deus de forma contextualizada e moderna à região sul da cidade São Paulo, priorizando o investimento em pessoas e nos lares.” – Uma igreja com essa missão provavelmente tem uma cultura mais informal, e deve investir em estudos nos lares, núcleos familiares de estudo, etc. Determinar o local que se pretende atingir na missão mostra foco do público que se pretende atingir. Embora ”zona sul” ainda seja abrangente, lugares e regiões diferentes tem culturas diferentes e exigem estratégias diferentes.

“Transformar a vida dos moradores da região de Capoão Redono.” – Embora simples, mostra um foco claro em evangelismos e, provavelmente, acompanhado de um forte trabalho de ação social devido ao foco em uma região pobre.

“Adorar ao Deus vivo e declarar a sua palavra, vivendo uma comunhão verdadeira” – Mostra uma tendência a se voltar para dentro, e ter uma trabalho mais tímido de evangelismo e/ou programações externas.  Ela pode funcionar por grupos nos lares, mas por não ter identificado isso na missão, me parece que a dinâmica da igreja funciona por programações internas.

Visão

“Ser reconhecida pela região como a principal referência em seriedade no ensino da palavra” – Mostra que a igreja tem dois desafios pela frente, o primeiro de investir fortemente na área de ensino e outro de tornar isso percebido pela comunidade. Os projetos futuros devem apontar nessa direção.

“Ser reconhecida como a instituição mais atuante na região, e que causa o maior impacto nos moradores da região”. A igreja está visando investir em seu relacionamento com a sociedade local. Para isso, precisará investir em várias áreas para alcançar esse objetivo, como a captação de recursos, estabelecer parcerias, capacitar seus membros etc.

terça-feira, 2 de março de 2010

Instituto Jetro

"Uma andorinha não faz verão". Quem já tentou levar algum projeto sozinho sabe o quanto é difícil fazer com que ele dê certo. Não somente pela divisão de tarefas, que é essencial para o bom andamento, mas também pela troca de idéias, pelo complemento de experiências e competências que você não teria sozinho. Mesmo quando há atrito e divergências, se bem administradas e contornadas, geram resultados positivos, pois te levam a questionar, aprofundar e refinar o seu ponto de vista.

Apesar do blog ter sido "oficialmente" lançado no domingo (28/02), já recebi respostas positivas, e uma contribuição do professor Tácito (Gestão Estratégica da FIAP) sobre um grupo de Londrina (PR) que possui um objetivo muito próximo ao desse blog, e gostaria de compartilhar com vocês.

O Instito Jetro é um grupo com o intuito de "...colaborar com pastores e líderes cristãos para o desenvolvimento de competências e o exercício de boas práticas de gestão e liderança, por meio da disseminação e intercâmbio de conhecimentos em áreas estratégicas, aplicadas a igrejas e instituições evangélicas". (retirado do site)

O nome do grupo tem origem em Êxodo 18. Nesse texto '"...vemos como Moisés relatou a Jetro os grandes feitos do Senhor. Apesar de impactado com os relatos do genro, Jetro observou que a forma como Moisés agia com o povo não era adequada e o aconselhou a mudar o estilo de liderança. Mesmo estando no auge do seu experiente ministério, tendo inclusive o privilégio de ouvir diretamente a voz de Deus, Moisés ouve atentamente Jetro, segue os conselhos do sogro e vê seu ministério ser transformado". (retirado do site)

O site possui artigos, livros a venda e oferece alguns cursos sobre gestão para igrejas, fazendo dele uma fonte  valiosa de informações. Com certeza vale a pena conferir.

segue o link.



atenciosamente,

Renan Alencar de Carvalho